Título original: Salò o le 120 giornate di Sodoma
País: Itália
Ano: 1975.
Direção: Pier Paolo Pasolini.
Duração: 116 min.
Um chute no saco a tudo aquilo que Pasolini já havia atacando durante todo seu cinema (e talvez por isso "Saló" seja sua obra mais comunal), cada personagem de palavra no filme representa uma ordem de poder, o duque (a nobreza), o bispo (a igreja), o presidente (a política) e o magistrado (a justiça) - só ficou de fora um jornalista no controle da mídia.
Horroshow em pelicula, no segundo e mais contudente ato do filme, o Círculo da Merda, um dos algozes força uma jovem a comer seu escremento: a garota terá que engolir tudo aquilo que já foi produzido, digerido e defecado, ela terá que comer todo o podre do sistema humano. Nessa cena, Pasolini propõe mais do que um exercício fugaz de exposição (ao contrário da gritante e infantil técnica de Gaspar Noé em "Irreversível" que mais parece um capítulo de novela global com softgore) ele está questionando toda a estrutura social como produtora e alimentadora do proletariado - perceberemos isso da forma em que Pasolini escolhe começar a filmar a cena, ele a filma de longe.
Desta maneira, Pasolini é anti-Tropa de Elite ou anti-Funny Games onde o diretor italiano, diferente do brasileiro e do francês, não joga o espectador a sós aos leões tirando o seu da reta. Muito pelo contrário: ele não se importa em morrer na cruz do politicamente correto para libertar nossos olhos dos pecados dos falsos justos.
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