Título no Brasil: Bully
Título Original: Bully
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento: 2001
Marty Puccio (Brad Renfro) tem como amigo Bobby Kent (Nick Stahl). A relação de “amizade” dos dois é a mais estranha possível. Bobby agride Marty sempre que tem vontade, tanto verbal, como fisicamente, chegando ao ponto de humilha-lo em público. Bobby é o filhinho-de-papai mimado e reprimido (sexual, ou homo afetado, se preferir) típico. Sempre que tem a oportunidade trata de surrar os outros, achando que o fato de estar uma posição social acima, lhe dá carta branca para fazer isso (daí o nome do filme, bully, que quer dizer “valentão”). Já Marty é surfista, não terminou o colégio, tem emprego graças a Bobby e não vê perspectivas de mudança na sua vida.
Tudo muda nessa relação com a chegada de Lisa Connelly, que vê em Marty o príncipe encantado da sua vida. Tentando ajudar seu namorado (de quem descobre-se grávida), ela trama a morte de Bobby. É nesse momento que o filme cresce. Com o (arremedo de) plano que Lisa arma, um universo de personagens bizarros (mas verdadeiros) começa a orbitar em volta do triângulo Bobby-Marty-Lisa. Tanto a amiga dela Aly, quanto a amiga de Aly, Heather, são as conhecidas descerebradas. Vivem para usar drogas e fazer sexo. Junta-se a ela o namorado de Aly, Donny (Michael Pitt) e o “Crazy Motherfucker (esse não tem nome no filme)”, que vai ser uma espécie de líder matador para orienta-los na execução do plano.
Ao mostrar o planejamento da morte de Bobby, e induzir quem está assistindo ao desenrolar da trama a odia-lo, Larry mostra ainda mais a banalidade da juventude, que discute mortes em mesas de lanchonete e não liga para as consequências de matar. E os atores que povoam o filme são de primeira. O destaque vai para Nick Stahl, que faz de Bobby o personagem odiável que ele deve ser, não deixando NADA para se admirar nele. Os outros também não fazem feio e dão ao filme a tridimensionalidade que Larry desejava.
Na técnica Bully também é o melhor filme de Larry, com planos engenhosos e movimentos bem feitos. A tensão que ele cria na cena do assassinato (não é spoiler) é de causar inveja a muito suspense por aí, deixando um clima tenso no ar, até mesmo com a inclusão de efeitos sonoros bizarros, como músicas ao contrário. O único ponto baixo vai para a trilha sonora, repetitiva e cansativa, abusando de raps e não optando pela diversificação (creio que essa reclamação se deva mais por gosto pessoal do que propriamente por uma falha do cineasta).
E o final de Bully é a coroação e uma mostra do que Larry Clark é capaz de mostrar, mesmo que sem muito esforço. Não, o filme não termina num ménage à trois gratuito (não reclamei), mas com um chute no estômago bem colocado, ao mostrar que tudo tem consequências, e das piores (e os jovens mostrados por ele parecem não ligar para elas). É uma pena que parece que ele perdeu a mão…