domingo, 3 de abril de 2011

Cultura: O marquês de Sade


Donatien Alphonse François de Sade, o marquês de Sade, foi um aristocrata francês e escritor libertino. Muitas das suas obras foram escritas enquanto estava na Prisão da Bastilha, encarcerado diversas vezes, inclusive por Napoleão Bonaparte. De seu nome surge o termo médico sadismo, que define a perversão sexual de ter prazer na dor física ou moral do parceiro ou parceiros. Foi perseguido tanto pela monarquia (Antigo Regime) como pelos revolucionários vitoriosos de 1789 e depois por Napoleão.
 
Precursor da revolução sexual

Além de patrono do surrealismo, Sade é considerado um dos pioneiros da revolução sexual, com suas idéias libertárias e permissivas, e um dos primeiros a ter uma visão moderna da homossexualidade, pois defende a existência de diferentes orientações sexuais para a humanidade. Em 120 dias de Sodoma, chega a satirizar o predomínio do pensamento heterossexual e a milenar condenação à morte de comportamentos considerados desviantes: no romance, ele inverte a situação e dessa vez humilha a heterossexualidade, que é punida com a morte pelas regras libertinas do castelo em que se realizam as excrementosas, sangrentas e incestuosas orgias, regadas a homossexualidade e sodomia. A obra de Sade, constantemente proibida, serviu de base para a Psychopathia sexualis de Kraft-Ebing, que classificou as parafilias e incluiu nelas o sadismo, conceito que também seria muito importante para Freud e seus seguidores, como Melanie Klein, em cuja obra o termo sadismo costuma ser exaustivamente repetido. Hoje considerado um clássico maldito, pois passou quase trinta anos preso mais por suas ideias e por seu comportamento sexual do que por seus crimes, Sade só começou a ser valorizado pelos surrealistas, no começo do século 20.
 
Questão da homossexualidade

A questão da suposta homossexualidade de Sade ("Terá sido Sade um pederasta?") foi formulada pela escritora francesa Simone de Beauvoir no clássico ensaio 'É preciso Queimar Sade? - Privilégios'. A autora conclui pela heterossexualidade de Sade, que sempre amou mulheres tolerantes a suas aventuras, embora tivesse um comportamento sexual atípico, defendendo o coito anal e chegando a pagar criados para sodomizá-lo publicamente em suas orgias, das quais a primeira mulher, Renné de Sade, teria participado. Atualmente, estudiosos da cultura e da literatura, como o sociólogo Ottaviano de Fiore, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), compartilham a opinião de Simone de Beauvoir, creditando o comportamento e a imaginação literária do autor de '120 Dias de Sodoma' a neuroses relacionadas a parafilias, como o gosto pelo lixo e pela sujeira, que na ficção sadeana desembocam na apologia do crime e na erotização da fealdade e das mais atrozes torpezas. "A crítica que faço à pergunta de Simone de Beauvoir é que, posta em sua época, ela remete à visão de seres humanos descontínuos,isto é, não vê, como atualmente se vê, um continuum humano, mas vê um mundo repartido em que gays e outras minorias seriam descontínuos em relação a um padrão de ser humano dito normal, isto é, o gay seria o outro, que não partilharia da mesma condição humana, ponto de vista hoje considerado preconceituoso e racista, pois o padrão de ser humano mudou", afirmou Ottaviano de Fiore.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Marqu%C3%AAs_de_Sade


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